TUDA - pap.el el.etrônico

Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano I Número 11 - Novembro 2009
Poesia - Santiago de Novais

amar enche barriga

Santinha, não disse nada. Mastigou com força o
chaveirinho de Nossa Senhora Aparecida nervosa.
Eu admirava aquela forma de abnegação e tristeza alegre.
Sempre havia milhares de fragmentos de pele e cabelos
sobre o edredon surrado dela. Assim quando chegou o tal dia, virou outono.
Assim quando chegou a tal hora os homens desapareceram de sua vida dizendo
eu te amo, eu te amo, em ecos variados dentro de sua cabeça vazia.
Ela gostava de olhar as contas sobre a mesa e os sabiás enfadonhos
pendurados nas árvores feias. Ficou gasta de tanto ser amada de mentira
sobre os desbotados ideogramas chineses do seu edredom velho, e ela
quase acreditou naquelas frases ditas por tantos homens de bocas surradas e nojentas:
“ummm adorei sua bundinha”, “ ummmm você é demais”, “ummm quero voltar aqui todo dia”,
“ummm você mexe gostoso”, “ummmm fico loco de ver suas perna”.
Nem sabiam usar o plural quanto mais comê-la. Homens, argh!
As mulheres são mais civilizadas que os homens, pensava. Eé